Luke Webb (Foto: Arquivo Pessoal)
Por Thaís Sabino (@thaissabino)
Ele começou a ficar com a visão embaçada, os braços pesados e a se sentir “engraçado”. “Minha cabeça estava muito confusa, depois não conseguia mais falar”, lembra. Mas o australiano Luke Webb tinha apenas 20 anos, como poderia sofrer um derrame? Considerado problema de idosos, levou algum tempo para ele e as pessoas ao redor se darem conta de que a situação era séria, e para os médicos fazerem o diagnóstico. Luke apagou, o socorro demorou e ele acordou sem ser capaz de mover o lado direito do corpo.
“Os médicos diziam que eu era muito novo”, contou. A espera para procurar ajuda e a crença de que complicações cardiovasculares ocorrem somente em pessoas mais velhas são o maior problema entre os jovens. “Muitos demoram para chegar ao hospital devido a negligência em acreditar que estão doentes”, afirmou o cardiologista Hélio Castello, membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Segundo o Ministério da Saúde, mais de 13 mil pessoas entre 15 e 39 anos morreram de AVC nos últimos cinco anos; e houve aumento de 13% no número de internações de jovens por infarto só no último ano, de acordo com o Datasus.
As doenças cardiovasculares, como infarto e AVC, são a primeira causa de morte no mundo e matam mais de 100 mil pessoas por ano no Brasil, segundo o cardiologista Marcelo Cantarelli, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia Intervencionista. A incidência é mais frequente após os 45 anos, mas casos na população jovem não podem ser descartados, principalmente quando existe uso de drogas, tabagismo, estresse, sedentarismo, falta de cuidado com a alimentação ou herança genética. “Não se pode esquecer que a associação de anticoncepcionais e tabagismo pode causar infarto em mulheres jovens”, acrescentou.
Luke não se enquadrava em nenhum dos fatores de risco, porém estava tratando trombose em uma das pernas. “O médico disse que não havia motivo para me preocupar, me deu alguns comprimidos e me mandou repousar. Caso a dor piorasse, eu deveria voltar ao hospital. Eu fui novamente ao médico quando a dor piorou, mas não encontraram nada”, relatou o australiano. O incidente ocorreu já faz três anos. O jovem entrou em profunda depressão, precisou passar por oito meses de fisioterapia para recuperar os movimentos e ter muita força de vontade.
Exceto por se sentir cansado com mais facilidade do que antes do incidente, Luke se recuperou. A dificuldade que ele passou se transformou em uma causa na vida dele: Luke se tornou embaixador da National Stroke Foundation na Austrália e passou a lutar pela conscientização e prevenção das doenças cardiovasculares na população jovem. De acordo com o cardiologista Castello, fazer exames para detectar hipertensão, diabetes e colesterol alto, além de evitar estresse, tabagismo, alimentação rica em gordura e açúcar, e vida sedentária “são os primeiros passos para uma se prevenir”.
Fonte: Portal Yahoo